Missão

1 – Depois de muitos anos ligado ao jornalismo regional (e já com algum descanso pelo meio), confesso que não estava nos meus planos voltar a esta ribalta tão cedo. Já sabemos que a vida nos prega partidas e temos de estar constantemente preparados mas, desta vez, acho que não estava. Forcei-me a interiorizar toda esta nova realidade e aceitei esta nova função para liderar o mais emblemático e carismático jornal de Espinho com uma premissa: espírito de missão. O pesado legado do amigo Lúcio Alberto não será esquecido. Pelo contrário, será respeitado e honrado. Um tributo justo e honesto ao que ele foi. A toda a equipa, que me acolheu de braços abertos, um obrigado e desde já um pedido de desculpas pelo esforço e exigência que lhes vai ser pedido neste trabalho diário. Só assim é que vamos conseguir continuar a mostrar “Espinho por dentro”.

abordamos mais uma dezena de comerciantes locais e, novamente, o panorama não é nada cor-de-rosa.

2 – O Natal está mesmo aí à porta e paira no ar um certo clima de desconfiança. A carteira parece ficar cada vez mais leve, embora os nossos governantes teimem em usar a expressão mais pandémica de sempre: “vai ficar tudo bem”. Mas não sei se vai. E é fácil comprovar isso. Na edição anterior da Defesa de Espinho tivemos a oportunidade de falar com feirantes e comerciantes do Mercado Municipal. O cenário era negro pois os preços aumentam e há cada vez menos clientes. Nesta edição abordamos mais uma dezena de comerciantes locais e, novamente, o panorama também não é nada cor-de-rosa. E como vamos gerir a época natalícia com isto? Uma das respostas poderá sempre passar pelo próprio comércio local espinhense. Com atendimento personalizado e com preços competitivos, basta calcorrear as artérias da cidade para encontrarmos o presente ideal para este Natal. Ou então, para a consoada, não faltam opções e sugestões para todas as carteiras.

3 – Ainda no espírito de Natal, a reportagem realizada pela colega Lisandra Valquaresma na revista especial que acompanha esta edição, deixou-me a pensar. A maioria dos entrevistados descreve um Natal que, aos olhos de hoje, era considerado, em termos práticos, de pobre. O bacalhau às vezes nem chegava para todos mas havia sempre um doce para enganar. Embora sejam outros tempos, a verdade é que não há nenhuma criança que não goste de receber uma prenda. E essas, infelizmente, não chegavam a todos. Não porque os pais não quisessem, mas sim porque pura e simplesmente não havia condições económicas para tal. Relatos de outros tempos duros, muito duros. Contudo, não deixa de ser curioso como todos eles transmitem um certo saudosismo daquele tempo. Mesmo passando por dificuldades, muitos não se importariam de voltar atrás só para sentir os cheiros e o calor daquela época. As saudades são terríveis. Conseguem moldar o nosso pensamento e transformar vivências menos boas em aspetos positivos.

Nuno Oliveira, diretor