Pelo SC Espinho, Filipe Rocha disputou mais de 150 jogos como jogador e 40 como treinador. Fotografia: Sara Ferreira / DE

Filó, ou melhor, Filipe Rocha no mundo profissional de futebol, é um filho da terra que jogou no SC Espinho nos seus tempos áureos. Recorda a sua vida no futebol, desde os treinos divertidos, mas duros de Quinito, à quase subida de divisão em 2011/2012 já como treinador dos tigres.

Quando é que começou a praticar desporto?

Comecei por praticar ginástica no SC Espinho. O meu pai esteve ligado ao desporto e sempre achou que a ginástica seria uma boa modalidade para o meu desenvolvimento e das minhas duas irmãs. Ele tinha uma visão fora do comum para a altura e a verdade é que isso ajudou-me na coordenação e a nível de noção espacial, além de desenvolver outras capacidades. Comecei aí, mas já gostava e tinha vontade de jogar futebol.

Quando é que dá os primeiros remates no futebol?

Entrei relativamente tarde no futebol, com 13 anos, depois de me desinteressar um pouco da ginástica, porque as condições da modalidade tinham piorado. Assistíamos a muitos treinos de voleibol, andebol e futebol das camadas jovens no antigo campo do Vizelinha. A formação de futebol do SC Espinho conseguiu formar muitos jogadores, que chegaram a competir na Primeira e Segunda Liga, sem ter um único campo de treinos. Treinávamos no campo do Rio Largo e no Vizelinha na maior parte das vezes. Não era fácil, não me lembro de fazer um treino num campo de 11 em que eu treinasse algum aspeto tático, só fazíamos jogos. Não tínhamos espaço para treinar uma possa de bola reduzida ou uma finalização, não havia condições. Costumo dizer que é um autêntico milagre que alguns jogadores das camadas jovens do SC Espinho tenham jogado na Primeira e Segunda Liga, como o Cardoso, Pedro, Rui Ferreira ou mesmo eu. Chegar às principais divisões nacionais com as condições que tínhamos não foi fácil, mesmo que os treinadores fizessem o seu melhor.

Não havia condições mas existia muita força de vontade…

Valorizo muito o facto de ter conseguido chegar aos grandes patamares. Cada vez me convenço mais de que a vontade de ser alguém, de querer vencer e nunca desistir, é muito importante. Tínhamos uma vontade enorme de chegar o mais longe possível e foi isso que aconteceu. Acabei por abdicar de muita coisa e até prejudiquei um pouco a carreira futebolística em detrimento dos estudos. Houve anos em que pus os estudos à frente do futebol.

Artigo disponível, na íntegra, na edição de 15 de junho de 2023. Assine o jornal que lhe mostra Espinho por dentro por apenas 32,5€